segunda-feira, 25 de maio de 2009

Maricá quer atrair estaleiros

Cidades

Publicado em 22/03/2009




Luiz Gustavo Schmitt

Prefeitura de Maricá quer atrair investimentos do setor naval para o município, nem que para isso tenha de oferecer incentivos fiscais ou até mesmo áreas onde estaleiros possam ser construídos. A ideia é de se aproveitar da proximidade com projetos em andamento de produção, refino e exploração de petróleo, como o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí.

O prefeito Washington Quaquá (PT) garante que já estão em andamento algumas negociações neste sentido, nas praias de Itaipuaçu e Jaconé. Ele espera, com isso, atrair um boom de desenvolvimento para a região, além de gerar cerca de 3 mil empregos diretos e outros 12 mil indiretos.

"A indústria naval tem um grande interesse em vir para cá por conta de nossa localização estratégica e também pelo nosso calado, que tem uma média de 20 a 30 metros de profundidade, o que facilita a aproximação dos navios. Além disso, temos 46 quilômetros de litoral e um potencial imenso", avalia Quaquá.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Petróleo de Maricá, Aleksander Santos, as negociações estariam sendo intermediadas pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Off-Shore (Sinaval).

"Estamos fazendo um estudo ambiental para viabilizar a construção de estaleiros. Todos os processos estão sendo negociados diretamente com o setor, através do presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha. Estamos conversando também com a diretoria da Petrobras que está nos dando subsídios e informações para podermos tocar estes grandes projetos", disse.


Vantagens - Para atrair a indústria naval, a Prefeitura estuda possibilidade de reduzir a alíquota do Imposto Sobre Serviço (ISS), para algo na casa dos 2%, além de doar o terreno.

"A negociação ainda não chegou neste ponto, mas estamos dispostos a fazer o que estiver em nosso alcance para ter os estaleiros", disse o prefeito de Maricá.

A Prefeitura acredita que, com o desenvolvimento da indústria naval, o ISS possa se tornar uma das maiores fontes de receita da cidade.

Ampliação dos royalties

Com a exploração de petróleo na camada pré-sal no campo de Tupi, na bacia de Santos, em São Paulo, o município de Maricá espera um crescimento de até 50% na arrecadação de royalties – compensação financeira pela exploração do óleo. A estimativa seria saltar dos atuais R$ 400 mil mensais para cerca de R$ 5 milhões, já a partir de dezembro de 2010.

"Esse ano a tendência é que o royalty cresça pela recuperação do preço do barril do petróleo e também pelo início da extração do campo de Tupi, que fica em frente a nossa municipalidade. A bacia santista entra em produção em maio e em dezembro de 2010 estará extraindo 100 mil barris por dia de petróleo.Vamos entrar no patamar dos grandes recebedores de royalties do Estado", prevê o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, para concluir: "Esperamos em 10 anos triplicar o orçamento puxado pelos royalties".

O município tem duas localizações prováveis para instalação dos estaleiros. A primeira seria em Itaipuaçu, próxima à base da Infraero, e a segunda em Jaconé, próximo a um campo de golfe. A Prefeitura está levantando áreas possíveis de se abrigar a indústria naval. A maior parte dos terrenos avaliados pertenceria à União ou seria desapropriada.

"Tenho ido a Brasília frequentemente e não seria difícil o governo liberar estas áreas, até porque a nacionalização do setor naval é uma política de governo", disse Quaquá.

Investimentos garantem empregos

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno, negou informações que dariam conta de que a indústria naval teria demitido cerca de 4 mil trabalhadores em Niterói.

"Visitei estaleiro por estaleiro e não encontrei nenhum caso de desemprego no mês de fevereiro. Pelo contrário, sobram empregos nos estaleiros do Rio de Janeiro. A gente não consegue dar vazão à quantidade de profissionais que precisamos", assegurou o secretário.


Crescimento – Segundo Bueno, o fato de o setor depender fortemente dos investimentos da Petrobras garante boas perspectivas.

"Esses recursos estão assegurados e por isso a perspectiva é de crescimento. Se levarmos em conta os barcos de lazer, o setor naval do Rio de Janeiro emprega em torno de 28 mil pessoas. Esse é o maior número desde 2002, quando começou a retomada da indústria naval. Mesmo se a plataforma P-62 não for para Niterói existem outras alternativas. Só para se ter uma ideia, a Petrobras vai contratar 28 novas sondas", concluiu o secretário Julio Bueno.n

Mar revolto não é impedimento

O engenheiro e empresário do ramo de construção de estaleiros, Paulo Quintella, responsável pelo lançamento da Plataforma de Mexilhão, no Estaleiro Mauá, no Caximbau, não acredita que o mar revolto de Itaipuaçu seja empecilho.

"Normalmente procura-se construir estaleiros em locais abrigados, com águas calmas, assim como a Baía de Guanabara, por exemplo. No entanto, isso não seria um impedimento para a obra. Existem soluções para isso", explicou Quintella, que ficou surpreso com o calado das praias do município.

"Se for isso mesmo, esse calado é excelente. Deste modo, não seria necessário fazer dragagens, assim como ocorre no entorno da Baía de Guanabara, que por sinal não comporta mais estaleiros. A localização é boa, mas tudo isso depende de custo, de se avaliar vantagens e desvantagens. De qualquer forma, acho que vale a pena investir na ideia", concluiu Quintella.




O Fluminense

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