quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Saúde privada niteroiense terá R$ 100 milhões em investimentos

Revista – Especial Niterói 435 anos

Publicado em 23/11/08

Niterói ganhará 856 leitos

Luiz Gustavo Schmitt

Para atender a grande demanda da população niteroiense pelo rede
hospitalar privada, empresas de planos de saúde e grandes redes de hospitais
vão injetar recursos na saúde niteroiense nos próximos anos. Até 2010, serão
investidos mais de R$ 100 milhões para a construção de novos hospitais e
ampliação da capacidade dos que já atuam na cidade – que ganhará ao todo cerca
de 856 novos leitos.

Para entender esse fenômeno na saúde privada, basta dar uma olhada em
alguns números apurados pela reportagem de O FLUMINENSE, em consulta à
entidades de medicina de renome, empresários e médicos da cidade. Segundo o
levantamento, há um déficit de 500 leitos nos hospitais privados da cidade.
Além disso, cerca de 50% dos moradores de Niterói têm plano de saúde, de acordo
com o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj).

Se ainda há pouca oferta de leitos, médicos aqui não faltam:
temos um para cada 198 habitantes. O recomendado é que haja uma média de 8
médicos para cada 10 mil habitantes, de acordo com a Organização Mundial de
Saúde. Ou seja, um médico para cada 1.250 habitantes. Nesse caso, teríamos
quase seis vezes mais do que o recomendável. Isto considerando que a população
niteroiense é de 458.465 habitantes, de acordo com o último censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2000.

Depois de perceber que mais de 40% de seus pacientes no Hospital de
Clínica de São Gonçalo eram do município vizinho, o médico e empresário Sávio
Tinoco, proprietário do grupo Hospital e Clínica de São Gonçalo, decidiu
empreender e construir o Hospital Icaraí, na Rua Marquês de Paraná, no Centro.

“Há uma grande demanda por leitos nos hospitais particulares de
Niterói, haja vista as filas que se formam. É um mercado que tem muitas
oportunidades. Por isso resolvi construir esse novo hospital, que será a maior
obra privada da história da cidade”, disse Sávio.

De acordo com ele, a nova casa de saúde contará com todo os serviços
hospitalares: maternidade, cirurgia, neurocirurgia, UTI adulto e neonatal.

“Ao todo, serão 192 leitos de internação (apartamentos) e 88 leitos
de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI)", afirmou o proprietário do
empreendimento.

O investimento para Hospital Icaraí deve ficar em cerca de R$ 50
milhões. O terreno tem em torno de 4.320 metros quadrados e terá 22.382,60
metros de área construída por 45 metros de altura. A expectativa é de que a
casa de saúde preste entre l8 e 20 mil atendimentos, atenda convênios e
consultas particulares e gere aproximadamente 1,2 mil empregos diretos.

Rede D’Or - A grande novidade no que se refere aos hospitais
privados é a chegada da badalada rede D´Or de Hospitais – que construirá um
novo hospital, o Niterói D’Or.

A nova casa de saúde será construída, em Icaraí, em frente à Clínica
Fluminense (CF) – conhecida por sua especialidade em cirurgia plástica -, da
qual a rede D´Or se tornou parceira em Niterói. A partir de janeiro de 2009,
CF se transformará em hospital geral e contará com 50 leitos. De
acordo com o administrador e diretor-geral da Clínica Fluminense, Conrado
Franco Pontes, a administração dos dois centros de saúde será conjunta, com
estruturas correlacionadas, mas ao mesmo tempo independentes.

"Os dois serão hospitais gerais de excelência, com hotelaria
de requinte e equipamentos de última geração. Queremos atender a grande demanda
por leitos que há em Niterói", informou Conrado.

HCN – O Hospital das Clínicas de Niterói (HCN), que realiza
cerca de 9 mil atendimentos de emergência por mês, entre pediátricos e de
adulto, passará por uma reforma e irá ampliar sua capacidade de 184 leitos para
350 leitos nos próximos três anos. A estimativa da direção do hospital é que se
gaste algo em torno de R$ 10 a 12 milhões.
Outra previsão é que em três anos o HCN aumente seu quadro de pessoal
em cerca de 60%, ou seja, mais 600 colaboradores diretos (várias especialidades
da área de saúde, recepção e administrativo).
Segundo a diretora geral do HCN, a médica Ilza Fellows, atualmente o
hospital tem uma taxa média de ocupação em torno de 90%.
"O crescimento da demanda por atendimento e tratamento médico, aliado
a pouca oferta na cidade, impulsionou o projeto de ampliação das instalações.
Para os próximos três anos, por exemplo, a área do serviço de emergência será
ampliada. De 300 metros quadrados passará para 1000 metros quadrados. Já em
relação aos leitos, vamos pular de 184 leitos (sendo 79 quartos privativos; 36
leitos de enfermaria e 69 de terapia intensiva) para 350", enfatiza a diretora.
Hospital Santa Mônica –

O antigo Hospital Santa Mônica, na Rua Marquês de Paraná, no Centro,
à venda por R$ 18 milhões, atrai a atenção de uma das maiores empresas de plano
de saúde. O negócio ainda não está fechado, segundo o diretor da Sergio Castro
Imóveis, Cláudio André Castro, responsável pela venda.
“Há outras duas empresas na disputa pela compra do terreno de 2,8 mil
metros quadrados e 11 mil metros de área construída”, disse Cláudio.
No montante pago pelo futuro comprador estão incluídos cerca de R$ 9
milhões para quitar dívidas da antiga casa de saúde. Os prédios com três
blocos interligados, cada um com seis andares, pertencem a um espólio da
família Raposo, muito tradicional em Niterói.
"Todos os herdeiros estão de acordo. O imóvel não tem problema
nenhum. Por enquanto, estamos avaliando as propostas e tratando da negociação.
O importante é que a documentação está toda regularizada e, a partir do momento
que o comprador oficializar a compra, ele terá a escritura em mãos em cerca de
quatro meses", garante.

História – O Hospital Santa Mônica já foi uma maternidade de
referência no Estado do Rio de Janeiro e a principal da cidade de Niterói. Era
conhecida por contar com uma boa infra-estrutura e equipe médica. No entanto,
acabou falindo e sendo alvo de disputa judicial.
Outro novo empreendimento hospitalar badalado é o novo hospital da
Unimed Leste Fluminense. A empresa estima investir R$ 55 milhões para a
construção de um Hospital Geral, sem contar incorporação de tecnologias e
ambientação.
Segundo a Unimed, só para a aquisição do terreno, com metragem
10.307,08 metros quadrados, foram gastos R$ 4,5 milhões.
O futuro hospital terá 180 leitos divididos basicamente em Centro
Cirúrgico e Obstétrico - 6 salas, Internação - 50 leitos, UTI - 10 leitos,
entre outros).
“Teremos unidades também de endoscopia, quimioterapia, laboratório,
centro de reabilitação e pronto atendimento”, informou a empresa por meio de
sua assessoria de imprensa.

Eletronuclear faz seleção para cadastro de reserva

Economia

Publicado em 18/12/2008

Luiz Gustavo Schmitt

A Eletronuclear abriu inscrições no concurso público para formação de cadastro de reserva em diversos cargos de níveis médio/técnico e superior. Além dos salários, que variam entre R$ 1.374,63 e R$ 4.257,57, a empresa fornece benefícios como vale-refeição ou auxílio-alimentação, vale-transporte, previdência complementar opcional, plano médico e plano odontológico, entre outros.

Há oportunidades de trabalho para cargos de nível superior em diversas áreas de atuação, como administrador, advogado, analista de sistemas, arquiteto, arquivista e engenheiro, entre outras funções. Já para nível médio, as vagas disponíveis são para auxiliar administrativo, desenhista, operador nuclear, técnico de enfermagem e técnico em contabilidade, entre outras.

Os interessados podem se inscrever até o dia 9 de janeiro nos postos de atendimento informados no edital do certame ou pela internet, no endereço eletrônico da Fundação Escola de Serviço Público (Fesp) – www.fesp.rj.gov.br. A taxa custa R$ 50 para os cargos de nível médio/técnico e R$ 65 para nível superior.

Segundo a assessoria de imprensa da Eletronuclear, os candidatos aprovados e classificados na seleção poderão ser convocados, ao longo do prazo de validade do certame, para trabalhar nas cidades do Rio de Janeiro e Angra dos Reis. Entretanto, o edital frisa que os aprovados "poderão ser lotados em unidade localizada em quaisquer cidades onde a Eletronuclear possua ou venha a possuir representação, independentemente da cidade pela qual o candidato optou na ocasião da inscrição".

Haverá provas objetivas de caráter eliminatório e classificatório de conhecimentos básicos e específicos. Eles também terão de se submeter a avaliação psicológica e exame médico admissional.


UFRJ – Estão abertas, até o dia 21 de janeiro, as inscrições para concurso que oferece mais de cem vagas de professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). As remunerações variam entre R$ 8.905,42 para professor titular (doutor) e 2.728,05 para professor auxiliar (exigência apenas de graduação). O valor da taxa de inscrição varia entre R$ 190 e R$ 60.

As oportunidades estão distribuídas pelos campi do Rio de Janeiro, Macaé e Xerém, nas unidades acadêmicas do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE), Centro de Ciências da Saúde (CCS), Centro de Letras e Artes (CLA) e Centro de Tecnologia (CT).

Mais informações podem ser obtidas pelo endereço eletrônico: http://www.im.ufrj.br/imol/concursos_02_2008_expansao_sede.php.




O Fluminense

Firjan prevê redução de empregos em 2009

Cidades

Publicado em 17/12/2008


Luiz Gustavo Schmitt

Com o cenário de crise cada vez mais presente na economia brasileira, as indústrias do Rio de Janeiro já reagem com pessimismo. A pesquisa Avaliação e Expectativas dos Empresários Industriais, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), feita com 121 indústrias que, juntas, empregam mais de 85 mil trabalhadores, revela redução do ritmo de produção, vendas abaixo do esperado e redução de empregos.

"O ano de 2009 deve ser complicado. No entanto, o Estado do Rio de Janeiro não deve ser tão afetado. Isto porque contamos com a perspectiva de muitos investimentos de longo prazo, como o Comperj e o Arco Metropolitano, por exemplo", disse o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira.

Quanto a Niterói, o presidente da Firjan Leste Fluminense, Luiz Césio Caetano, prevê cenário de otimismo.

"Umas das principais indústrias niteroienses, no caso a construção naval e off-shore, encontra-se em um segmento econômico prioritário, que deve ser pouco afetado pela crise. Já a indústria da construção civil pode sofrer um pouco mais, por conta da falta de crédito, com uma redução no ritmo de lançamentos imobiliários", disse Caetano.

De acordo com o estudo da Firjan, os efeitos da crise internacional tendem a ser crescentes, com a percepção dos impactos de redução de vendas saltando de 49,6% para 66,1% em 2009. Com relação às exportações, por conta da desaceleração mundial, o número de empresas prevendo queda em 2009 atingiu 47,3%. O encarecimento do dólar também afetará as importações de 59,6% das indústrias do Rio em 2009, com reflexos diretos na aquisição de bens de capital e insumos industriais.

Outro efeito das turbulências no mercado financeiro internacional será a maior dificuldade de captação de recursos em 2009, apontada por 56,4% da amostra. A incerteza afetou a intenção de realizar investimentos tanto nos próximos seis meses quanto nos próximos 12 meses. Ainda há, contudo, 40% que mantêm seus planos de investir.

As expectativas para o 1º trimestre de 2009 refletem incerteza e impactos diferenciados: as empresas dividem-se entre queda e manutenção de vendas industriais. Pouco mais de um quarto projeta aumento.




O Fluminense

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mercado imobiliário confiante

Habitação

Publicado em 07/12/2008


Luiz Gustavo Schmitt

Mesmo com a crise financeira internacional que tem assustado a todos nas últimas semanas, os empresários do mercado imobiliário ainda têm motivos para comemorar. Durante almoço de confraternização da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Niterói (Ademi), na última terça-feira, os representantes do segmento reconheceram o impacto no ritmo de vendas e lançamentos de imóveis, mas apostam na demanda habitacional brasileira.

Segundo o presidente da Ademi-Niterói, Joaquim Andrade, ainda não é possível fazer um balanço do que aconteceu.

"Tudo foi abalado. A primeira reação é parar o que está fazendo, esperar e entender um pouco o que está prestes a acontecer. As vendas caíram um pouco. Mas hoje nós percebemos que as coisas voltam aos poucos ao normal. Principalmente pela segurança de um investimento em imóvel. As pessoas podem ficar incertas diante de uma aplicação em banco ou na Bolsa de Valores, mas sabem que se comprarem um imóvel estão garantidas a médio e longo prazo. Isto porque é um ativo real", informou Andrade.

Ele se diz otimista frente ao ano de 2009, apostando no déficit habitacional de Niterói e municípios adjacentes, como São Gonçalo, Itaboraí e Maricá.

"Acredito que o mercado seja promissor porque temos uma demanda muita grande e o Governo Federal demonstra interesse em fomentar essa atividade. É um segmento que produz um bem que todo mundo quer, busca e sonha adquirir. Basta olharmos o mercado nas cidades que compõe o Leste Metropolitano, sabendo da procura grande que há para se adquirir a tão sonhada casa própria, em todos os níveis da sociedade", comentou.

De acordo com o presidente da construtora Soter, Fernando Policarpo, a empresa não teve de alterar o planejamento de investimentos, embora tenha passado a adotar uma postura cautelosa.
"O último empreendimento que soltamos no Jardim Icaraí, em outubro, já está 90% vendido. Mas temos de reconhecer que é importante tomar uma postura cautelosa. Diante do crédito mais difícil, as empresas têm de estar capitalizadas. Não é hora para nenhuma aventura; há que se fazer as coisas com muito pé no chão", disse Policarpo.

Nahum Ryfer, dirigente da Pinto de Almeida, lemba que outras crises foram vencidas:

"Nos últimos 15 anos, passamos por umas três crises. Temos um mecanismo de autoproteção e já estamos preparados de alguma maneira. Não afetou drasticamente nossa capacidade de investimento e nem de colocar os negócios na rua".

O diretor da JM Construções, Rogério Faria Maciel, reconheceu que 2009 deve ser um ano muito complicado, o que requer muitos desafios para o setor:

"Vamos ter redução drástica do crédito, pessoas com menos capacidade financeira e, conseqüentemente, a construção civil e os incorporadores terão de se equilibrar com os acontecimentos do mercado".

Faria ainda citou a crise de confiança do sistema financeiro e prevê que todo o quadro atual vai gerar redução de capacidade financeira.

"As empresas vão ter que se readequar a uma nova realidade. Por isso penso que o início de ano será difícil, mas as coisas devem começar a melhorar já no terceiro trimestre", concluiu.




O Fluminense

Morre professor de História João Batista de Andrade

Publicado em 10/12/2008

Reportagem: Anderson Carvalho, Cláudio Emanuel, Danilo Motta, Érika Torres, Gutemberg Ramon, Luiz Gustavo Schmitt, Marcelo Macedo Soares e Raphael Martiniano.


O professor de História João Batista Andrade, de 62 anos, morreu às 20h30 de ontem, no Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap), no Centro de Niterói. Na noite de terça-feira, ele foi atropelado quando andava de bicicleta pela Avenida Roberto Silveira, em Icaraí, na Zona Sul. Segundo a polícia, o professor, carinhosamente chamado de JB, foi atingido por um Ford Fiesta preto, que teria avançado o sinal da Rua Doutor Paulo César. De acordo com testemunhas, JB foi projetado contra o pára-brisa do veículo. O docente foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros por volta das 22 horas e levado, em estado grave, para o Huap, onde não resistiu – segundo os médicos, a vítima teve uma parada cardiorrespiratória.

Ainda de acordo com a unidade de saúde, a violência da pancada causou um coágulo no cérebro. Os médicos aindam tentaram reanimá-lo no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Em vão. Durante a tarde de ontem, surgiu a informação de que JB teria sido constatada a morte cerebral dele, o que foi negado pelo diretor do Huap, Tarcísio Rivello.

O motorista do carro causador do acidente, identificado pela polícia como Theodoro Martins, de 62, teria omitido socorro. Horas mais tarde, ele se apresentou à 77ª DP (Icaraí), onde o caso foi registrado, sendo liberado após prestar depoimento. Ele foi indiciado por lesão corporal culposa (sem intenção). Porém, com a morte de JB, é possível que ele responda por homicídio culposo.

Segundo os médicos, o professor sofreu traumatismo crânio-encefálico. Ex-mulher de JB, Rita Mansur apontou a falta de um espaço para os ciclistas nas ruas da cidade como um dos fatores do acidente.

"A ausência de ciclovias é um fato que colaborou para o acidente", disse.

Antes de tomar conhecimento da morte do pai, Thaís Regina Eira de Andrade, de 19, afirmara que a família pensaria em ações judiciais.

"O motorista avançou com força, caso contrário meu pai não teria quebrado o vidro do carro com a cabeça", disse.

João Batista de Andrade foi professor de diversas instituições em Niterói, como o Liceu Nilo Peçanha, no Centro, e o Gay Lussac, em Icaraí. Ficou conhecido por defender causas dos estudantes e por conta da atuação política na cidade, e ainda por colaborar na organização do Movimento Estudantil em várias escolas em que lecionou. JB, inclusive, foi militante do Partido dos Trabalhadores (PT). A Câmara de Vereadores de Niterói chegou a fazer, na sessão plenária de ontem, um minuto de silêncio em solidariedade à vítima. João concorreu, neste ano, a uma cadeira na Casa pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), obtendo 468 votos.

O corpo do docente deverá será velado na Câmara de Vereadores de Niterói e sepultado, ainda nesta quinta-feira, no Cemitério São Francisco Xavier, em Charitas.

Definido como ‘uma figuraça’

Alunos, colegas de magistério e amigos dos colégios em que João trabalhou, como o Liceu Nilo Peçanha e a Escola Estadual José Bonifácio, lembraram do professor com carinho. Irreverente, brincalhão e abnegado pela educação foram algumas das palavras usadas para definir a personalidade de JB.

Na Escola Estadual José Bonifácio, onde JB lecionara História até o primeiro semestre deste ano, os estudantes cantarolaram um dos motes da campanha política de João: "Nazismo, maldade, malícia. Ou a polícia acaba com o esculacho ou o esculacho acaba com a polícia", cantaram em uníssono os alunos Philipi Costa da Silva, de 15 anos, e Marcos Paulo dos Santos Junior, de 14.

"Ele era uma ‘figuraça’. Andava para todos os lados com uma bicicleta rosa, que chamamos de ‘Trono do Papai Noel’, pois ele tem uma barba branca e é velhinho", disse Philipi.

O diretor-geral do Liceu Nilo Peçanha, Celso Lopes, definiu João como uma figura folclórica.

"Como professor era excelente. Acreditava e brigava muito por esta escola. Ele pretendia voltar a lecionar aqui", disse.

A professora de matemática do Liceu Nilo Peçanha Almerinda França disse que trabalhou com João em duas oportunidades.

"Alguém não conheceu o João? Trabalhei com ele no Colégio Henrique Lage e mais recentemente no Liceu. Era uma pessoa inteligente", disse.

Trajetória política

João Batista foi um dos fundadores do PSOL na cidade, tendo se filiado ao partido em 2005. Nas últimas eleições, ele disputou vaga na Câmara Municipal, tendo obtido 468 votos, número insuficiente para ser eleito. Na verdade, o último pleito foi o sexto do qual participou. A trajetória política dele começou como militante do PT, ao qual esteve filiado de 1981 até 1988, quando foi expulso da legenda. Passou ainda pelo PDT e PV, antes de ir para o PSOL.

Em 1982, disputou eleição para deputado estadual pelo PT. Foi um dos defensores da aliança do partido com o então candidato a prefeito pela primeira vez Jorge Roberto Silveira, do PDT. Na ocasião, chegou a ser acusado de fraudar uma votação no PT que aprovou a aliança com o PDT. Expulso do PT, filiou-se ao PDT, tendo sido secretário de Defesa Civil na primeira gestão de Jorge Roberto. Disputou ainda as eleições para vereador em 1992, 1996, 2000 e 2004, nunca tendo sido eleito.

Entre as bandeiras que defendia, estavam o passe-livre para os estudantes das escolas públicas, a preservação do meio ambiente e direitos entre casais gays. Em 1996, procurou a Ordem dos Advogados do Brasil de Niterói (OAB-Niterói) denunciando ameaças de morte contra ele.

Durante a campanha eleitoral deste ano teve como marcas registradas a bicicleta e os vídeos com as idéias para a cidade, que eram divulgados na internet. Andava pela cidade no veículo, que tinha, inclusive, um amplificador.

"É uma figura histórica da esquerda na cidade. Conhecido pelo carisma, o bom trato com as pessoas e a firmeza das idéias", disse Flávio Serafine, presidente do PSOL de Niterói.

Revolta no Antônio Pedro

Durante toda a tarde de ontem, dezenas de pessoas, entre parentes e amigos de João Batista de Andrade, compareceram ao Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) para prestar solidariedade aos familiares próximos.

Dentre os presentes estava a secretária municipal de Educação, Alina Maria Tinoco de Souza. Segundo Thaís Regina, filha de JB, ela e o pai eram muito amigos.

"Hoje em dia, as pessoas estão muito desumanas, todos estão sempre com muita pressa. É preciso humanizar as pessoas", disse Rita Mansur, amiga da família.

Mensagens de carinho no Orkut

"Fala meu filho! Huhu". A frase, além de apresentar a comunidade "JB pra sempre vereador" no Orkut, retrata o bom-humor e o alto astral que João Batista irradiava. Esquerdista em tempo integral, JB era dono de outra comunidade no site de relacionamentos, a "Crítica da nova história crítica". Nela, João Batista defende a tese de que o Brasil não foi descoberto, mas sim invadido.

"A crítica que fazemos à essa concepção é pela esquerda, isto é, tem o objetivo de destacar as ações da luta popular, e não dos governos de elite", diz um trecho do texto.

Já no perfil de JB, mensagens dos amigos traduziam o sentimento de tristeza.

"É difícil falar alguma coisa numa hora dessas, mas o que posso dizer é que você já deixou sua marca no mundo", atestou um dos recados.

Antigo Cine Icaraí é o retrato do abandono

Publicado em 07/12/2008



Luiz Gustavo Schmitt

Visto de dentro, o antigo Cinema Icaraí – fechado em 2006 - marco da história do bairro, recentemente tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) no último dia 25, é o retrato do abandono. Aberto pela primeira vez para a equipe de reportagem de O FLUMINENSE, desde seu fechamento, pode ser conferido que as instalações estão cobertas de poeira. Há também tapumes espalhados pelos cantos e um forte cheiro de mofo. Na sala de projeção, o cenário não é diferente: negativos de filmes e bobinas à deriva, espalhados pelo chão e em cima da mesa do projecionista. Veja imagens.

Andar pelo local é tarefa árdua e cuidadosa: cacos de vidro, pedaços de gesso e até de ferro estão por toda a parte. No chão, ainda restam cartazes de alguns dos últimos filmes exibidos: "Procurando Nemo" e "Expresso Polar".

Sacos de pipoca, copos de refrigerante e algumas carteiras de estudantes no piso do hall de entrada são pistas do que um dia foi o Cinema Icaraí.

As tradicionais cadeiras de couro vermelhas do primeiro piso foram retiradas, assim como as caixas de som e o antigo lustre que pendia sobre o salão principal.

No segundo andar, que era considerado espaço desprivilegiado pelos cinéfilos, por ser muito alto para assistir às sessões, ainda restam as cadeiras de madeira.

Proprietários – O prédio do cinema pertence à Kopex, empresa de administração de imóveis, cujo sócio é o empresário da construção civil Fernando Policarpo. Ele afirmou que recebeu o imóvel nas condições atuais.

"Não tem uma cadeira, um banheiro, está tudo quebrado. Mas foi assim que recebemos. Não fomos nós que fizemos isso. Não acho que seja bom para o bairro e para a cidade que se mantenha dessa forma. Apresentamos uma proposta de aproveitamento comercial, com um cinema de duas salas menores, lojas, livrarias, lanchonetes, cafés, mas foi vetada. A idéia seria criar mais salas de cinema. Hoje não é mais viável fazer um cinema tão grande assim", disse Policarpo, que ainda acrescentou:

"Se o Poder Público entender a necessidade de ter ali um espaço cultural acho perfeitamente normal. Mas aí tem que desapropriar e comprar. Acho que a cidade tem esse direito e estamos dispostos a conversar com as autoridades envolvidas. Desde que seja bom para Niterói e viável para nós", concluiu Policarpo.

Segundo a diretora do Departamento de Preservação do Patrimônio Cultural (Depac) , Regina Prado, a responsabilidade pela conservação do bem cabe ao proprietário do imóvel, que em contrapartida recebe incentivos fiscais.

"O tombamento não significa que o Poder Público tomará conta do imóvel. Isso compete ao proprietário, que em troca não precisa pagar Imposto Territorial Predial Urbano (IPTU)", disse a diretora do Depac.

Mobilização popular pela volta do cinema de rua

Que o cinema tem um forte vínculo afetivo com os niteroienses não é novidade. Em um site de relacionamentos na internet, a comunidade "Vamos salvar o Cine Icaraí" conta com cerca de 2,5 mil membros. No plano da realidade há diversos grupos representativos da cidade lutando pela preservação do cinema. Como por exemplo, a Organização Não-Governamental Eco Ação, o Araribóia Rock – que congrega diversas bandas do gênero - e o Grupo Diversidade Niterói (GDN), entre outros.

O ex-vereador Leonardo Giordano (PT), militante pela preservação do cinema na Câmara dos Vereadores e que pertenceu ao órgão de proteção do patrimônio municipal – o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural (CMPC) –, sugere que o local se torne um centro cultural.

"Com o prédio protegido é preciso traçar um plano para o local. Quero propor soluções para o espaço já a partir de janeiro. Vou procurar o novo prefeito e a iniciativa privada para que possamos criar um novo centro cultural na cidade. É uma área valorizada e muito atrativa tanto para o Poder Público como para o empresariado. Para revitalizar a edificação também não será difícil: podem-se usar incentivos fiscais para isso", informou Giordano.

Leis que vão e que vêm

O fechamento do Cinema Icaraí, em 2006, provocou manifestações na cidade. A decisão gerou polêmica entre moradores e representantes políticos. A frente do prédio ficou coberta por tapumes de madeira obstruindo portas e janelas, que chegaram a ser arrombadas. O Cinema Icaraí foi construído na década de 1940. Sua arquitetura é representativa do estilo art déco.

Devido ao seu valor como testemunho do desenvolvimento urbano do bairro de Icaraí, ao seu valor afetivo para várias gerações de niteroienses, por ser um marco da cultura da cidade, além de ser o último exemplar de cinema de rua da cidade, o cinema foi protegido pela Lei Municipal n° 1.838/01, de 4 de junho de 2001, através da qual ficou "tombado definitivamente" o imóvel, e mantidos seu uso e capacidade, sendo definida como área de entorno para proteção o terreno onde está localizado e a Praça Getúlio Vargas.

Outra lei – Entretanto, o Cinema Icaraí foi "destombado" pela Lei 2.381/06 de 22 de agosto de 2006, de autoria do vereador Wolney Trindade, apesar do veto do prefeito Godofredo Pinto e do parecer favorável ao veto emitido pela Comissão Permanente de Constituição e Justiça da Câmara. De acordo com a lei, ficou preservada apenas a fachada, sendo permitida a construção de um prédio de 40 metros de altura.

O "destombamento" é admissível em lei somente quando configurados o interesse público ou erro por ocasião do tombamento, estando estas hipóteses descartadas no caso do Cine Icaraí.




O Fluminense

INSS paga benefícios e parte do 13º salário

Cidades

Luiz Gustavo Schmitt

Publicado em 02/12/2008

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deposita hoje os benefícios de quem tem cartão com final 2 ou 7 e recebe acima do piso previdenciário. Junto, será paga a segunda parcela do 13º salário para 2.860.663 aposentados, pensionistas e demais beneficiários com direito ao abono de Natal.

Até sexta-feira, quando se encerra o calendário de novembro do INSS, serão pagos cerca de 26 milhões de benefícios, dos quais 22.578.479 têm direito à complementação do abono de Natal ou à parte relativa ao segundo semestre, caso tenham iniciado o benefício neste período.


Niterói – A Prefeitura de Niterói informou ainda não ter definido o calendário de pagamento do 13º dos cerca de 14 mil funcionários. No entanto, informou que o fará até o dia 20 de dezembro, data limite de pagamento, de modo a quitar o benefício integralmente.

Os servidores estaduais que ganham acima de R$ 950 vão receber o 13º no dia 12. Os que ganham até R$ 500 tiveram o pagamento antecipado no dia 30 de julho. A folha de pagamento deste grupo inclui 63.340 servidores ativos e inativos da administração direta e indireta (autarquias e fundações), além dos pensionistas, que são 50.125 do total.

O governo estadual também quitou antecipadamente, em 17 de setembro, o abono natalino dos trabalhadores que ganham entre R$ 501 e R$ 950. Foram beneficiados 101.735 servidores - ativos, inativos e pensionistas.




O Fluminense