segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ensino de primeiro mundo em colégio de Icaraí, na Zona Sul da cidade

Cidades

Publicado em 12/04/2009


Luiz Gustavo Schmitt




O tilintar da campainha da Escola Municipal Paulo de Almeida Campos, em Icaraí, na Zona Sul, às 7h15 anuncia o início de mais um dia de aula. Entre os passos e as vozes dos alunos que adentram o espaço escolar é possível ouvir o barulho dos pneus de cadeiras de rodas.

No primeiro ano de escolaridade (antiga alfabetização) Giovana Félix, de 9 anos, portadora de paralisia cerebral, está aprendendo a ler e escrever. Ao chegar na escola, sua cadeira de rodas desliza levemente até o acesso ao elevador, que a conduz até o primeiro andar, onde está sua sala de aula e dos demais colegas de uma turma de cerca de 30 alunos.

De acordo com a coordenadora do projeto de acessibilidade para alunos com necessidade de educação especial, Juliana Medalha, a educação especial em escolas públicas se deu por força de legislação, a partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9394/1996 e foi instituída no município de Niterói após a Portaria 125/2008 ser editada. E ainda, na proposta de cidadania municipal está prevista a inclusão educacional.

"Aqui os alunos especiais estão na escola. Temos estudantes com síndrome de Down, epilepsia, autismo, por exemplo. De qualquer forma, eles estão em sala de aula aprendendo a se relacionar com o mundo e com o outro. Até porque a sociedade não é dos iguais, mas dos diferentes. Por isso a inclusão. Porque as possibilidades de desenvolvimento social e pedagógico são muito maiores", disse.

Enquanto a professora Mariza da Silva Ferreira escreve no quadro, os alunos copiam e leem em voz alta as palavras. Ao mesmo tempo, a professora de apoio de Maria das Graças de Souza Laplace, adapta a atividade, de modo que Giovana aponte com a cabeça ou com os braços as figuras e letras que simbolizavam o que estava sendo dito.

"Até mesmo a expressão facial dela pode indicar algum tipo de resposta", explicou Maria das Graças.

Fernanda Daibes é professora de apoio de Camila de Souza Freitas, de 12 anos, portadora de mielo melingoceli, e cursa o 1º ano de escolaridade.

"Estou conseguindo ter um resultado melhor com ela com a informática, do que fazendo a ampliação de letras. É uma alternativa para que perceba o mundo tridimensional, já que a visão da cadeira não é total", disse.

Também no primeiro ano de escolaridade, Vitória Abreu, 10 anos, tem hemiparalisia. De acordo com a professora Adriana Regina Silveira, quando Vitória chegou ao Paulo de Almeida Campos era tímida e pouco brincava com os demais colegas. Após um ano de trabalho, a estudante especial já tem habilidade motora que a permita escrever e fazer na maioria das vezes a mesma atividade que os colegas.

"O que trabalhei primeiro com ela foi a autoestima. No princípio, ela não usava a mão esquerda, não pegava os alimentos, escondia a mãozinha. Trabalhei com ela de modo que soltasse a mão e conseguisse fazer movimentos. Foi muito importante esta questão de aceitação do grupo e dela mesma. Hoje ela já aperta mão dos amigos, brinca, consegue fazer os movimentos".

A aluna Letícia Ferreira, de 8 anos, do 2º ano de escolaridade, estudou com Vitória durante todo o ano de 2008. Perguntada sobre o comportamento da colega em sala de aula, ela deu uma resposta lacônica.

"Ela é bonita", disse, para concluir:

"Ela faz tudo igualzinho a gente: brinca, pula corda. Não vejo nenhuma diferença".




O Fluminense

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