sábado, 22 de novembro de 2008

Imóveis usados ganham valor na hora da crise e vendas sobem 30%

Luiz Gustavo Schmitt

Em épocas de crise, todos querem se proteger. De acordo com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) de Niterói, essa máxima faz com que as pessoas apliquem seus recursos em ativos reais, como os imóveis usados, e mantenham as vendas do mercado imobiliário fluminense aquecidas.

Diferentemente do imóvel na planta, na qual o cliente ainda não tem o contato direto com o imóvel, já que está fechando um contrato para entrega posterior, no usado a realidade é palpável. Segundo a imobiliária Júlio Bogoricin, isto aplaca a desconfiança que muitos clientes têm com a garantia de entrega da construtora do imóvel, em função do cenário econômico atual.

Segundo especialistas do setor, o mercado de imóveis usados teve um incremento nas vendas de cerca de até 30%. Um dos motivos para a procura por esse segmento seria a diferença de preços entre novos e usados, que pode chegar a até 40%, segundo o delegado do Creci Niterói e diretor da imobiliária Ofir Imóveis, Ulisses Moreira.

"As pessoas estão buscando investimentos mais seguros. Por isso a aposta nos imóveis usados. Além disso, toda a mídia utilizada para estimular os lançamentos, e ainda, todos os benefícios oferecidos, como piscina, quadra de esportes, espaço gourmet, acabam sendo pagos pelo consumidor. Há também um custo mensal maior com condomínio. Ou seja, no final das contas, os imóveis usados estão de 30% a 40% mais baratos", explicou Moreira.

De acordo com ele, o mercado de aluguéis também se destaca na atual conjuntura:

"Aquelas pessoas que estavam cogitando a compra, resolveram aguardar o desenrolar desta crise e alugar, para tomar a decisão de compra depois".

O diretor da imobiliária Júlio Bogoricin, Hélio Brito, também constatou aumento na procura por imóveis usados.

"Geralmente, as pessoas que querem uma garantia ou um imóvel pronto para morar procuram esse tipo de imóvel. Recém-casados, por exemplo, que desejam um bem mais acessível, com taxas mais baratas, acabam considerando essa possibilidade como alternativa viável", disse Brito.

Segundo o diretor comercial da Imobiliária Rubem Vasconcelos, Samuel Schwaitzer, as vendas de usados cresceram em torno de 30% desde que os rumores da crise internacional ganharam força.

"Os investidores estão saindo do mercado financeiro e buscando imóveis usados. Há grande procura, principalmente, por imóveis em mau estado de conservação, os quais até dois meses atrás não tinham liquidez, mas agora passaram a ter", disse Schwaitzer.

Ele ainda acrescentou que a compra de um bem usado, à vista, pode ser uma ótima oportunidade de negócio.

"Um apartamento em mau estado de conservação pode custar, por exemplo, em torno de R$ 200 mil. E se reformado com um gasto de cerca de R$ 30 mil, passa a valer R$ 300 mil. Ou seja, é uma margem de lucro interessante para quem tem dinheiro para fazer negócios à vista", informou Schwaitzer.

Desafios

De acordo com o Creci Niterói, as vendas do ramo imobiliário de Niterói sofreram poucos impactos da crise financeira internacional. No entanto, o conselho admitiu que está havendo, por parte dos bancos, certa burocracia a mais para a concessão de crédito.

"Ainda há muito dinheiro circulando na cidade, porque muitas obras saíram e negócios também foram feitos. A grande questão para o mercado é: Será que os bancos vão criar maiores dificuldades para a concessão de crédito? E, sobretudo, a Caixa Econômica Federal, que é o principal agente financeira do mercado, vai continuar liberando financiamento?", indagou Ulisses Moreira, delegado do Creci Niterói.




O Fluminense

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