segunda-feira, 2 de março de 2009

Centro de Niterói é o endereço da desordem e insegurança

Publicado em 22/02/2009


Luiz Gustavo Schmitt

Camelôs fazendo "gato de luz", bares que colocam mesas e cadeiras nas calçadas, quando não no meio das ruas, vans que embarcam ou desembarcam passageiros fora do ponto e outros casos de desordem urbana, são cenários comuns no Centro de Niterói. O FLUMINENSE percorreu ruas como a Visconde de Uruguai, Marechal Deodoro, São João, Jansen de Mello, Marquês do Paraná e Avenida Feliciano Sodre, entre outras, e flagrou diversas irregularidades. Durante o trajeto, por volta das 18 horas de dois dias de semana, não foi encontrado sequer um guarda municipal.

Um dos principais acessos do Centro, ligando ruas como Marquês do Paraná e Rio Branco, a Rua São João concentra diversos problemas. No entorno e até mesmo em frente à 76ª DP (Centro) foram encontrados carros estacionados em cima das calçadas, em ambos os lados da rua. Os veículos atrapalhavam pedestres que tinham de andar espremidos nos cantos das calçadas ou no meio da via.

Na altura da Praça do Jardim São João, camelôs, puxando "gatos de luz" para barraquinhas dividiam espaço de estacionamento com os carros e com os transeuntes nas calçadas. Vendiam desde cachorro-quente, milho e linguiça, até DVDs de filmes. Não havia destinação adequada para o lixo, que ficava espalhado no chão.

Bares colocavam cadeiras nas calçadas e no meio da via. Vans, estacionadas nos cantos da rua, embarcavam e desembarcavam passageiros – que formavam enormes filas no pavimento. Pedestres tinham de andar em zigue-zague para desviar de tantos obstáculos.

Moradores que preferiram não se identificar, por temerem represálias, disseram que os problemas são antigos e não bastam ações pontuais para resolver os problemas.

"Entra governo e sai governo são montadas operações de controle urbano. Tiram o pessoal, mas não dão continuidade e eles acabam voltando", disse um morador.

Na Avenida Rio Branco, esquina com a Rua Fróes da Cruz, outro bar espalhava cadeiras e mesas na calçada, nas proximidades de uma universidade. Na Rua Visconde de Uruguai, no trecho entre Saldanha Marinho e Marechal Deodoro, outro bar acomodava clientes com mesas e cadeiras nas calçadas postadas no meio e nos cantos das ruas.

Providências a partir de março

Já na Rua Marechal Deodoro, moradores se queixam da parada de caminhões de carga e descarga do lado direito, em cima da calçada, para abastecer estabelecimentos comerciais provocando congestionamentos. As vans também faziam ponto na esquina entre Marechal Deodoro e Visconde de Uruguai, provocando congestionamentos.

A Prefeitura de Niterói prometeu intensificar operações de ordenamento urbano, a partir de março, para melhorar a fluidez do trânsito e reduzir irregularidades nos locais citados.

"Essa balbúrdia é antiga. O Centro é um poço de problemas há muitos anos. Mas me parece que agora com esse novo governo existe uma vontade de resolvê-los. Será feito um trabalho contínuo, em conjunto com as secretarias de Segurança e de Urbanismo e Controle Urbano, para melhorarmos gradativamente o ordenamento da região", disse o administrador regional do Centro, Fernando Guida.

Revitalizar o Centro, tendo como ponto de partida o Caminho Niemeyer, é uma das propostas da nova gestão municipal.

"Seria como se fosse uma onda que se propagasse dali (do Caminho Niemeyer) até a Marquês do Paraná. A ideia é fazer com que haja confluência entre o lazer, turismo, trabalhadores e os próprios habitantes do Centro", disse Guida.

Apesar de todos os desafios pela frente, a intenção é ter como exemplo cidades de países de primeiro mundo, como, por exemplo, Paris.

"Essas questões são muito delicadas e demandam tempo para que sejam resolvidas. Para melhorar o trânsito é preciso implementar medidas sustentáveis. Implantar ciclovias, estimular o transporte coletivo de boa qualidade. Estão previstos projetos de transportes de massa que devem desafogar o tráfego, como o projeto do metrô, que irá ligar Niterói e São Gonçalo. A barca deve ter o trajeto São Gonçalo-Rio de Janeiro. E há também o túnel Charitas-Cafubá. Tudo isso deve diminuir um pouco a pressão sobre Niterói", explicou Guida, que ainda concluiu:

"Os problemas de trânsito são graves: poluição do ar, sonora, congestionamento, etc. Tudo isso altera o humor das pessoas e diminui a qualidade de vida delas. As faixas de Niterói são estreitas. É preciso uma mudança de hábito da população, um trabalho de educação ambiental nas escolas, para que o transporte sustentável possa se tornar uma alternativa real".

O secretário municipal de Defesa Civil e Integração Comunitária, Marival Gomes, reconheceu o problema da desordem urbana em Niterói, mas atribui o agravamento da situação aos seis últimos anos do governo anterior.

"A desordem urbana está há seis anos em Niterói. Estamos implementando fiscalização nos principais bairros da cidade. Conseguimos recuperar a Guarda Municipal trazendo a maior parte do efetivo às ruas. Além disso, os locais das próximas operações de ordenamento urbano já foram mapeados. Vamos agir primeiramente nas ruas do Centro. A Rua São João será uma de nossas prioridades", anunciou Marival.




O Fluminense

Nenhum comentário: