sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Perfil do empresário Julio Bogoricin

Publicado em 24/08/2008

Luiz Gustavo Schmitt


A face oval, a voz mansa, os cabelos cheios e grisalhos, um olhar simpático e arguto, mal deixam transparecer a idade do carioca, torcedor do Fluminense, arquiteto e empresário Julio Bogoricin, fundador e proprietário do Grupo Julio Bogoricin.

Aos 70 anos, ele trabalha cerca de dez horas por dia e divide sua vida na ponte aérea, Rio-Nova Iorque, cidade onde também tem negócios no ramo imobiliário, com a Julio Bogoricin Real State. Os óculos, pequenos, com lentes finas, servem só para ler os jornais – os principais do País, quando está no Rio de Janeiro, e outros dois, o "New York Times" e o "Wall Street Journal", durante o período que fica nos Estados Unidos.

Com o auxílio da internet, acompanha tudo que acontece em sua empresa: analisa estratégias de negócio, verifica até mesmo o tipo e o tamanho dos anúncios que a empresa coloca nos jornais e revistas. Mas ri, com ar jovial, quando fala sobre o comando de sua empresa:

"Hoje não mando mais em nada", fazendo referência à gestão descentralizada.

Em 1956 foi fundada a Julio Bogoricin imobiliária, na Rua da Assembléia, no Centro do Rio. Pouco tempo depois, a empresa se mudaria para o prédio mais alto do Rio na época, o Edifício Avenida Central, 156, na Avenida Rio Branco. Nos primeiros 12 anos de empresa, conciliou a ousadia empreendedora do ramo imobiliário com a estabilidade de bancário no Banco do Brasil.

Ingressou no banco, por meio de concurso, quando tinha 18 anos, época em que estudava Arquitetura na Faculdade Nacional de Arquitetura (atual UFRJ), na Praia Vermelha. Com a expansão do negócio, pediu demissão do banco, aos 32 anos.

"Lembro que minha mulher ficou preocupada em perder os benefícios que o banco oferecia", contou.

A partir dos anos 70, começou um plano de expansão da companhia, alavancado pelo auxílio do Banco Nacional de Habitação (BNH) e a oferta de crédito imobiliário. Houve a abertura de filiais em Copacabana, Ipanema e Niterói – que era vislumbrado como um mercado em expansão, com as obras da Ponte Rio-Niterói.

"Sabíamos que Niterói iria crescer. Por conta da Ponte, muitos moradores do Rio se mudariam para o outro lado da baía. Havia um apelo na cidade, que era o fato de o preço dos imóveis serem inferiores à Tijuca (bairro nobre na época) e com o diferencial de ter praia. A decisão foi acertada e acabei vendendo muitos imóveis para pessoas de Copacabana, Catete e Tijuca, entre outros bairros do Rio", contou.

Quando decidiu apontar seu faro de negócios para Niterói, procurou O FLUMINENSE como forma de divulgar sua nova loja. Data deste período a amizade com o jornalista Alberto Torres, então presidente da empresa.

"Ficamos muito amigos. Ele era um homem muito inteligente. Um intelectual de renome", relembrou Julio.

Pioneiro em Icaraí e no lançamento de duas vagas na garagem

A Julio Bogoricin foi a primeira imobiliária a se instalar em Icaraí. Na época, as empresas do ramo e também as construtoras se concentravam no Centro.

"Foi uma idéia ousada abrir uma grande loja na Praia de Icaraí, onde só tinham lojas de automóveis naquele momento", afirmou.

O boom imobiliário em Icaraí deixou histórias um tanto inusitadas. Julio rememorou o caso do lançamento de um edifício na Rua Mariz e Barros, que tinha duas vagas na garagem, algo inexistente na época.

"Hoje as pessoas chegam a querer até três vagas de estacionamento. Mas naquela época foi difícil de vender. As pessoas deixavam os carros na rua. E pensar que hoje não há quase espaço para estacionar!", lembrou, em tom nostálgico.

"A cidade se expandiu. As pessoas começaram a buscar as áreas periféricas. A Região Oceânica cresceu, deixou de ser um local onde as pessoas tinham casas de veraneio, para se tornar uma área residencial. O bairro do Jardim Icaraí é, hoje, o que tem maior potencial de crescimento. Recentemente, abrimos uma loja lá", disse.

Hoje, o grupo Julio Bogoricin tem negócios em quatro áreas que se entrelaçam – imobiliária, administradora, seguradora e agência de propaganda. A empresa aproveita o bom momento econômico do País: em 2007, cresceu 25% em comparação a 2006, e no primeiro semestre de 2008 foram mais 18% ante o mesmo período de 2007.

A companhia conta com 26 lojas no Brasil, sendo 22 no Rio de Janeiro. Uma outra deve ser inaugurada em breve, em Botafogo, e há ainda a expectativa de mais uma, na Barra da Tijuca.

A empresa também tem seu braço em São Paulo e em Belo Horizonte. Ainda este ano, o empresário pretende abrir outro ponto na Região Oceânica de Niterói, faz planos para Maricá, e em 2009 dá como certa a chegada a São Gonçalo – cidade de grande potencial para Julio:

"Acredito que a expansão do crédito e as facilidades de pagamento irão impulsionar este mercado, que abrange um público crescente de menor poder aquisitivo. Quanto a Maricá, deve ser a próxima bola da vez do mercado. Hoje já há ônibus direto de lá para o Rio".




O Fluminense

Nenhum comentário: